Hoje, dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, uma data para reconhecer as conquistas sociais, políticas e culturais das mulheres. Também é oportunidade de refletir sobre o movimento, que deve pautar as questões das mulheres negras como urgentes e considerar os diversos feminismos.
A professora Ms. Cleide Aparecida Vitorino, do curso de Direito da Universidade Zumbi dos Palmares, falou sobre o assunto. “A data é importante quando se fala na questão da mulher, mas o alcance em razão das mulheres negras ainda é realizado de forma mitigada, invisibilizada”, afirma.
Na década de 1930 no Brasil, por exemplo, havia o movimento de acesso ao cenário político através do voto e da candidatura, mas aí há um registro de uma mulher branca. “A gente não vê as expressões em razão da mulher negra. E mesmo a participação das mulheres negras no cenário político ou no mercado de trabalho, elas são invisibilizadas, neutralizadas até o dia de hoje”, diz. A professora cita nomes como Anastácia, Luísa Mahin e Dandara que foram figuras importantíssimas no movimento em busca de direitos.
“Já em relação aos direitos trabalhistas, só visualizamos a partir da Constituição de 1988 porque ali, naquele momento, tem o registro de que não pode haver diferenciações”, explica. Porém nem sempre a visibilidade que dados e informações trazem não são vistas no cenário social, empresarial ou nas estruturas do poder público. “Por exemplo, no poder judiciário e executivo, em cargos de confiança e de representação da unidade, chefia, não vemos mulheres negras. Necessitamos de um avanço na implementação, construção e elaboração de políticas públicas voltadas a questão da mulher”, diz.
“Eu mesma disputei vagas com pessoas muito mais jovens ou que não tinham qualificação adequada, mas por conta do racismo estrutural que estava ali configurado, não conseguia inserção no mercado”. E qual a solução? “Ações afirmativas e letramento da sociedade brasileira. Precisamos redesenhar a nossa história”.