Fotógrafa brasileira expõe seres humanos através de “paleta de cores gigantesca”

Angélica Dass nasceu no Rio de Janeiro e vive em Madri há 15 anos. Ela participa do PhEST, Festival Internacional de Fotografia e Arte em Monopoli, na região da Apúlia no sul da Itália, com o projeto que chama Humanae, onde ela registrou rostos de milhares de pessoas pelo mundo criando uma “paleta de cores gigantesca”. O seu trabalho mostra uma infinidade de tons de pele, e até pessoas da mesma etnia que não têm a mesma cor. Cada imagem mantém a legenda do sistema Pantone, acompanhada pelo número e letra da variação da cor identificada.

“Nestas fotos o que eu estou tentando provar é que eu aprendi quando pequena, que as pessoas são classificadas como negro ou branco. Isso não é real. O que a gente vê no mundo real é uma paleta de cores gigantesca, desde um chocolate, caramelo, canela, iogurte, mas nunca esse preto e branco. Então por que classificamos os seres humanos desta maneira? O objetivo é propor este tipo de reflexão. Mostrar que a diversidade é um grande valor da espécie que é a raça humana. Em vez de discriminar, a gente tem que celebrar esta diversidade” explicou em entrevista.

O Festival, que está em sua 6° edição e traz o tema “O Corpo”, reúne 30 exposições de fotos e arte contemporânea em vários pontos da cidadezinha litorânea do Mediterrâneo. Angélica Dass tem uma posição de destaque. A sua obra é um mosaico de rostos impresso em uma tela gigante de 26 metros de comprimento por 5 metros de altura que está exposta individualmente na antiga muralha de Cala Porta Vecchia, diante das águas cristalinas do mar Adriático. “Uma das grandes missões deste trabalho não é só estar na parede como uma peça de museu, como uma exposição. O objetivo é ser uma ferramenta educativa. Paralela a esta exposição no PhEST, faço oficinas em todo o planeta conectando com a juventude, com futuras gerações, para que sejam os líderes de amanhã” comenta.

Até agora ela já fotografou 4.556 pessoas, em 20 países e 36 cidades do planeta. Seu trabalho percorreu diversas mostras pelo mundo. Para citar alguns exemplos, o Humanae foi exposto em 2017 no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. No ano seguinte, no Museu Americano de História Natural em Nova York.

Mas a mensagem da sua obra gera também um forte impacto no combate ao racismo. “Uma das coisas mais importantes para mim, é tentar usar a arte como uma ferramenta. Se o conceito de raça é uma construção social, acredito que a gente possa desconstruir essa construção através da arte, através da fotografia, através da educação.”

 

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