Um ano após ser alvo de críticas pela ação afirmativa na empresa, Magazine Luiza decidiu repetir a receita em 2022 e lançou, na última terça-feira, dia 21 de setembro, o novo programa de trainees voltado para candidatos negros. “A gente tem um longo caminho pela frente. Um ano não seria o suficiente”, afirmou o CEO, Frederico Trajano. O programa será semelhante ao trabalho desenvolvido neste ano e que vem preparando 19 trainees para cargos de liderança na empresa. Foram 22 mil candidatos inscritos no primeiro. Para o grupo que começará em janeiro, o salário será de R$ 6,8 mil mais benefícios. Não há um número exato de quantos serão selecionados, mas deve girar perto de 20.
Para entender melhor o universo de negros dentro da própria empresa, o Magalu realizou um censo, no ano passado, entre os 47 mil colaboradores. Do total, 77% responderam e 51,8% se declararam negros. No quadro geral de lideranças, incluindo área de operação e de escritórios, o índice cai para 41,5%. Levando-se em conta líderes negros somente na área administrativa, o porcentual é de 21,1%. O horizonte da varejista é que o universo de funcionários negros represente a fotografia da sociedade, com um índice pouco acima da metade. “A baixa participação de negros em lideranças é um problema. E um problema nosso”, afirmou Frederico Trajano. “Vou comemorar quando parcela relevante desse grupo virar gerente e diretor.”
“Essa ação consolida a tendência e acaba com dúvidas se o programa do ano passado seria o único”, comenta José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares. Para ele, parceiro do Magalu no programa, a iniciativa ratifica o discurso da companhia de querer trabalhar para aumentar a diversidade. “Essa ação consolida a tendência e acaba com dúvidas se o programa do ano passado seria o único. Quando o Magazine Luiza lança o segundo, mostra que está, de fato, fortalecendo essa agenda”, disse. O caminho para a igualdade é longo, mas o segundo passo já foi dado. Mesmo que alguns ainda insistam em remar contra a maré.